Sensualidade do ventre - o dilema

Na ânsia de corresponder às expectativas sociais que cobram uma juventude eterna recheada de malícia e ousadia, muitas mulheres frequentam aulas de dança do ventre para "aprender a ser sexy", mas sinto dizer que se este é o único objetivo a ser perseguido, o tempo e o dinheiro empregados nele estão sendo totalmente desperdiçados.

A dança, em todas as suas modalidades, é terapêutica pois, tem o poder de mobilizar sentimentos profundos  causando o bem estar físico e emocional. A técnica dos passos condiciona o corpo até que ele consiga executá-los naturalmente e o prazer de ouvir a música e inserir movimentos nela com um toque pessoal é o que produz a sensualidade. Portanto, ela é algo que emana da pessoa sendo totalmente particular e intransferível.

Vejo com tristeza que existe a preocupação em desenvolver uma "sedução" em dança do ventre baseada em insinuações artificiais juntamente com figurinos inapropriados para o ambiente onde a artista se apresenta. Infelizmente, isto contribui para criar uma imagem pejorativa da dança oriental árabe.

A conexão entre público e bailarina vai além da libido aliás, esta não é o foco. A felicidade de quem está com a autoestima elevada flui magicamente em cena e provoca na plateia uma alegria sem igual. Trata-se de um encantamento gratuito, despretensioso. Sendo assim, a sensualidade não tem idade e não se compra, simplesmente se revela por meio de atividades saudáveis, como a dança do ventre, por exemplo, que promovam a autoaceitação.

Dance para ser feliz e não para se transformar no "supra sumo da sexualidade". Isso não existe!